quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Surdocego e Educação

Inicialmente, vejam um vídeo interessante que retrata o surdocego e sua educação.




Fala da inclusão do aluno surdocego no ensino regular e o que é a própria surdocegueira.


A Inclusão do Aluno Surdocego

A escola e a Criança Surdacega

Sabemos que durante muitos anos, o tipo de educação que preconizou foram as teorias e práticas que tinham como fim a segregação das pessoas com deficiência, inclusive negando a esta o acesso ao conhecimento, além do que, poucos podiam frequentar os espaços sociais e acabavam por ficarem, de certa forma, 'reclusos' em casa, pois eram vistos como incapazes e doentes e que, portanto, não eram detentores de direitos e que, por sua vez,  não tinham direito à educação.

Contudo, os anos passaram e essa concepção mudou, pois percebeu que era necessário rever essas conecepções que estavam arraigadas na sociedade durante tantos anos, além de também prever a importância de desenvolver o potencial das pessoas com deficiência, a fim de respeitar as diferenças e por isso, iniciou-se o processo de inclusão.

Com a aprovação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), em 1990, ficou determinado que toda criança tem direito à educação e que, o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência deve ser realizado preferencialmente na rede regular de ensino ( Lei 8069, art.54,III), o que intensifica a preocupação com esse público e a percepção de que eles fazem parte da sociedade e que devemos acabar com o preconceito.

Além disso, em 1996, com a aprovação das diretrizes e bases da educação nacional, que também prevê atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência na rede regular de ensino, consolidou-se ainda mais a ideia de que, esse aluno tem o direito de estar na escola, mas, é claro, que mudanças e adaptações são necessárias para que de fato possa incluí-lo no âmbito escolar.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à diversidade da comunidade escolar e baseiam-se na ideia de que a realização de adaptações pode atender as necessidades particulares de aprendizagem dos alunos. 


A inclusão vem como uma forma de mostrar que todos somos detentores de direitos e que, portanto, todos temos direito a igualdade de oportunidades, entre elas, o direito à educação. E, para que de fato ocorra a inclusão do aluno com deficiência, nesse caso específico, do aluno surdocego no ambiente escolar, é necessário algumas adaptações e cuidados especiais que atendam às necessidades específicas desse público. Entre elas, podemos citar:


- Educador

Inicialmente, é importante dizer que para que a aprendizagem ocorra de forma satisfatória é necessária a mútua colaboração entre a família, os profissionais da saúde e o educador por facilitar o alcance dos objetivos que visam a educação do aluno surdocego. 
Algumas das posturas que o educador pode adotar refere-se a: 

  • Ter consciência  a constante necessidade de capacitação e atualização das técnicas de trabalho; 
  • Não alimentar expectativa exageradas, focando a alfabetização, pois muitas vezes, a independência na rotina da vida diária já é o sucesso possível de ser alcançado; 
  • É importante que ele permita ser tocado, pois a percepção tátil é imprescindível ao aluno surdocego; 
  • Estar disposto a adaptar não somente ao ambiente físico da escola, mas também a si próprio. Isso diz respeito à necessidade de utilizar roupas em colorido contrastante, no caso de mulheres, a utilização de batom e esmalte de cores fortes (para estimular o aluno que apresenta resíduo visual), e, utilizar sempre o mesmo perfume, para facilitar a identificação pelo olfato;
  • Garantir as adequações físicas necessárias ao desenvolvimento do seu aluno;
  • Ter consciência da privacidade do Surdocego pré-linguistico, isto é, não discutir assuntos relacionados a ele na sua presença porque o fato de frequentemente não conseguir falar ou ter dificuldades de pensamentos, não significa não compreensão do que está sendo falado;
  • Ter consciência que um Surdocego pós-linguistíco pode defender seu ponto de vista e seus direitos, apesar de ser surdocego, pois sua capacidade intelectual pode estar em plenas condições de desenvolvimento;
  • Permitir que   Surdocego fizesse tudo àquilo que puder por si só, embora, por vezes, possa ser inconveniente para outros.

- Ambiente Físico Adequado

O educador é o responsável por adaptar o espaço físico ao aluno Surdocego. Devido ao fato desse aluno já está privado de grande parte das sensações, provenientes da audição e visão, é importante que a exploração tátil seja facilitada em todo o ambiente, observa Cushman (1992). Os principais cuidados na organização do espaço físico escolar são:

  • A ausência da visão requer memorização do espaço físico, portanto, móveis e materiais precisam sempre estar guardados no mesmo local;
  • Deve haver espaços entre mobiliários, facilitando a locomoção do aluno;
  • Todos os objetos e ambientes escolares devem ser decorados com cores fortes e contrastes, pois a presença de contraste garante que o aluno que ainda possui resíduos visuais possa receber estímulos (uma das combinações mais adequadas é do azul com o amarelo e preto com o branco);
  • Cada ambiente freqüentado pelo aluno deverá ser identificado, à porta, com um tapete que apresente para cada porta uma textura diferente, pois essa identificação auxilia o aluno na compreensão e identificação de cada ambiente;
  • Nas paredes é fundamental que tenha uma pista de texturas diferentes, indicando cada percurso realizado pelo aluno dentro da escola, exemplos: da sala até o banheiro, da sala até o refeitório, da sala até o pátio, etc.
  • Os educadores e todos os profissionais que fazem contato com o aluno precisam ter uma pista de identificação pessoal, que deverá ser tateada pelo aluno para que ele identifique a pessoa (para educadores e profissionais, as pistas sugeridas são pulseiras diferenciadas, uma para cada profissional. No caso dos familiares, as pistas são mais íntimas, exemplo: o pai = barba; a mãe = cabelo/rosto, etc. Todas as pessoas, familiares ou não, devem evitar trocar sabonetes e perfumes, pois o aluno pode utilizar o olfato como auxilio da identificação).

- Formas Diferenciadas de Comunicação a fim de transpor obstáculos.

Considerando que o grande obstáculo na educação do Surdocego é o acesso ao aluno, o principal foco no projeto pedagógico precisa ser direcionado ao estabelecimento da comunicação.


Para saber mais, visite o site: Educação do Surdocego






1 comentários:

Gil Ribeiro disse...

Excelente vídeo e texto.

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